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Chiaki Karen Tada

Para uma organização exercer seu protagonismo, a comunicação é estratégica

Já dissemos aqui no blog sobre como é importante que as organizações da sociedade civil ou não-governamentais (OSCs e ONGs) pensem a comunicação como parte estratégica de suas iniciativas e projetos. Embora possa parecer um “detalhe” a se resolver mais para frente, é importante ter, desde o início, um plano para transmitir e disseminar os resultados, impactos e benefícios das iniciativas da organização ao público de interesse e à sociedade. Isso ajuda a criar engajamento e faz com que as pessoas sigam interessadas nas atividades da organização, ou que continuem investindo ou doando para a sua causa.


Foto: Jeshoots.com/Unsplash

Essa convicção que temos na importância da comunicação só aumentou com a pandemia. Muitas ONGs e OSCs saíram de suas zonas de conforto para encontrar novas formas de apoiar ou mobilizar pessoas, governos e empresas a contribuírem com aqueles que precisam de ajuda urgente e imediata para superar a crise sanitária. Isso e a crise social, ambiental e econômica que já vinha acontecendo também as levaram a buscar alternativas e soluções para seguirem atuando em suas causas. E a comunicação (bem como a transparência) tem sido fundamental, principalmente pelos canais on-line.


As organizações, afinal, continuam sendo protagonistas em muitas frentes. Esse foi o tema de um bate-papo que a agência e portal de notícias Envolverde promoveu em agosto. Reinaldo Canto e Dal Marcondes, respectivamente diretor de Projetos Especiais e diretor executivo da Envolverde, conversaram com Ana Toni, diretora executiva do iCS (Instituto Clima e Sociedade) sobre a atuação da sociedade na defesa ambiental e social nos tempos atuais.


Abordaram sobre como a sociedade organizada no Brasil é forte e resiliente, especialmente na área socioambiental; como, diante dos retrocessos ambientais recentes e um distanciamento maior do governo federal da sociedade civil organizada, as ONGs e OSCs começaram a conversar com outros púbicos e players – como governos subnacionais (prefeituras e estados, por exemplo), parlamentares e setor privado, para avançarem em suas causas.


E, em dado momento, Reinaldo Canto, Dal Marcondes e Ana Toni conversaram sobre a importância da comunicação em tudo isso. De como essa é uma questão fundamental e é preciso melhorar a forma de comunicar não apenas com os que já são convertidos às causas, mas também com os não convertidos. Como falar com os diferentes públicos – religiosos, donas de casa, comunidades da periferia, empresários, políticos, estudantes? Descobrir como estabelecer um diálogo com variados grupos e setores é um desafio geral (que não se restringe às ONGs e OSCs, é claro).


Os principais obstáculos, comentaram os especialistas, é que a comunicação muitas vezes não está lá, listada desde o início como uma das áreas à qual um determinado projeto ou iniciativa precisa prestar atenção. Além disso, mesmo alguns financiadores costumam não aceitar a comunicação como parte do “pacote” do projeto a ser apoiado.


Isso parece ser um pouco de contrassenso, não é mesmo?


Poucos dias depois, assistimos a uma outra live, desta vez no Instragram do cineasta Estevão Ciavatta, que conversou com André Guimarães, diretor executivo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), e Marcello Brito, presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio). O Ipam e a Abag são membros da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, um movimento multissetorial, com quem a Bem Comunicar tem o prazer de trabalhar, que reúne mais de 200 entidades, empresas, ONGs e OSCs, academia e centros de pesquisa, para debater e apontar caminhos para a transição para a economia de baixo carbono – e com quem temos a honra de trabalhar. A live debateu se o agro é mesmo um vilão na Amazônia e se as ONGs são vilãs na Amazônia. Foi muito interessante, e você pode assistir ao debate aqui.


Mas o que a gente queria destacar aqui é como o André Guimarães contou que, há cerca de 30 anos, apenas de 10% a 12% da Amazônia eram protegidos na forma de Terras Indígenas e áreas de proteção. Hoje, quase a metade do território está sob alguma forma de proteção, em diferentes graus. Segundo Guimarães, dois motivos explicam essa evolução. Um, a sociedade estava mobilizada e apoiou a decisão política e a criação de áreas protegidas. Dois, havia informação em qualidade e quantidade, produzida por muitas organizações da sociedade civil, que apontavam onde estavam as áreas que mais necessitavam ser protegidas, onde estavam as espécies ameaçadas ou endêmicas, entre outros pontos. O Ipam, por exemplo, publicou mais de mil artigos em revistas de renome internacional ao longo de 25 anos. “Essas informações serviram para mobilizar e pressionar os governantes a tomarem essas decisões, e contribuiu para a tomada de decisão qualificada.”


Citamos essa fala porque aqui está um bom exemplo de como a atuação da sociedade civil organizada é importante, e como é relevante que seus estudos e resultados sejam comunicados.


Mas o que a gente queria destacar aqui é como o André Guimarães contou que, há cerca de 30 anos, apenas de 10% a 12% da Amazônia eram protegidos na forma de Terras Indígenas e áreas de proteção. Hoje, quase a metade do território está sob alguma forma de proteção, em diferentes graus. Segundo Guimarães, dois motivos explicam essa evolução. Um, a sociedade estava mobilizada e apoiou a decisão política e a criação de áreas protegidas. Dois, havia informação em qualidade e quantidade, produzida por muitas organizações da sociedade civil, que apontavam onde estavam as áreas que mais necessitavam ser protegidas, onde estavam as espécies ameaçadas ou endêmicas, entre outros pontos. O Ipam, por exemplo, publicou mais de mil artigos em revistas de renome internacional ao longo de 25 anos. “Essas informações serviram para mobilizar e pressionar os governantes a tomarem essas decisões, e contribuiu para a tomada de decisão qualificada.”



E o que significa incluir a comunicação nos projetos e atuação de uma organização?



Significa, principalmente, ter um plano de comunicação. Ele ajuda a:


  • Alinhar a comunicação com os objetivos principais do projeto ou da organização

  • Definir o público que você quer alcançar

  • Clareza nas mensagens que se quer passar

  • Conversar com seus stakeholders, como doadores, equipe interna, parceiros, apoiadores

  • Avaliar o efeito e os avanços da comunicação por meio de métricas específicas


Com um plano de comunicação bem incorporado à estratégia da sua organização ou projeto, certamente o alcance e impacto de sua atuação como um todo será maior.


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